Coisinhas chatas no Facebook


O Facebook é uma coisa boa. É onde as pessoas ultimamente se vêem, comunicam e, enfim, dão sinal de vida. Até porque, como se sabe, quem está vivo, está no Facebook. A não ser que, apesar de vivo e por estranha opção pessoal, se prefira ser um pária...
Dito isto, como declaração de interesses e para que se não pense que algo me move contra a coisa, acrescento então a lista das coisinhas que me chateiam no Facebook:
1.       As correntes de partilha: alguém se lembra que é bom gostar de piriquitos, talvez por morte de algum espécime afectivamente significativo. E logo, por compulsão, publica uma fotografia do bicharoco, com uma frase melosa, tipo esta: “O meu dia é mais bonito,  quando canta o piriquito!”. Após esta descarga concentrada de poesia longamente amadurecida, chega a sentença: “Se gostas de piriquitos, partilha!”. Ou parecido, mas em pior: “Se dás valor às coisas bonitas da vida, partilha!”. Aplique-se a lógica do piriquito aos cães e a outros animais estimáveis, ao yoga, a tomadas de posição a favor ou contra clubes, empresas ou governos, ao aquecimento global e até a Deus.  Ora tudo isto é, obviamente, um disparate. É uma coisinha que me chateia!
2.       As “sentenças zodiacais”: são uma espécie de magma intuitivo cósmico que circula a velocidades próximas da da luz pelo espectro virtual. “Leão: o rugido de quem sabe o que quer!”; “Gémeos: condenado a amores profundos!”; “Touro: a força e a persistência são os melhores trunfos!”; etc..., etc... e sempre com imagens de equiparável transcendência significativa. Esta difusão endémica da ciência astral é outra coisinha que me chateia.
3.       Filosofia de pacotilha: impressiona a quantidade de máximas e chavões, citações e slogans que nos ensinam a bem viver! Umas de autor célebre, outras de eruditos anónimos. Encontra-se Nietzsche ao lado de Lady Gaga e lá está a pérola de São Tomás de Aquino, corroborado por Sean Penn ou pela vizinha do segundo esquerdo. Toda a sabedoria do mundo, debitada em pílulas de uma só linha. O Homem tem sempre uma circunstância por perto, a vida sem amor é morte antecipada e a inveja rói por dentro sem se ver. Isto também me chateia...
4.       Simplificação redutora: Por um lado, publicar mais de uma frase no Facebook é perder tempo. Ninguém vai ler... Por outro, a maior parte da interacção resume-se à resposta típica do adolescente a qualquer questão complexa: “Gosto”; “Não gosto”. E pronto. Está tudo dito. Ora, isto chateia-me, porque eu quase nunca “gosto” simples e totalmente, nem “Não gosto” completamente.

E a quem lhe importa o que me chateia ou não no Facebook? Provavelmente, a ninguém. Mas deu-me para isto e no Facebook não cabia...

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