Bastava o som dos passos do
cuidador, ou o som da campainha e os cães começavam a salivar. Mesmo sem ver
ainda a comida. Mesmo se a comida não chegasse a aparecer. Vai daí, o curioso
Ivan descobriu o fantástico mundo do condicionamento clássico. A salivação,
processo próprio da conduta alimentar, podia ser provocada por um toque de
campainha, se a associação entre os dois estímulos fosse aprendida. Trriiimmm…. e o cão salivava!
E que tem isso a ver com moral?
Bem… em rigor, com a moral, nada. Mas o derivado contrafeito a que chamamos
moralismo é puramente pavloviano. Faça-se a experiência. Como quem não quer a
coisa, com prudente cuidado, aproxime-se de um moralista. Discretamente, toque
a campainha: “sexo”. Ui!!! Vê como saliva? Pavlov acertou outra vez!
É escusado tentar tocar outras
campainhas. Pode gritar “pobreza”, “miséria”, “guerra”, “desemprego” e até campainhas
pesadas, como “genocídio”. Tempo perdido. A salivação de um moralista está
condicionada por um leque muito restrito de estímulos. Será possível fazê-lo
salivar com outros sons? Sim. Mas isso requer um processo muito mais longo, a
que podemos chamar “formação moral”. E perde a graça, porque deixa de ser um
processo primário e inconsciente.
:)
ResponderEliminartens de escrever mais, caramba. isto está mesmo bom. (eu sei q tens outros afazeres...)
beijinho
Olá Maria,
ResponderEliminarObrigado. Entre os afazeres e a preguiça, sobra pouco tempo para o blogue...:)
Beijo