A linguagem serve de embrulho a
muita aldrabice. As palavras enrolam em celofane muita alarvidade. Quase sem
nos darmos conta, pagamos pelo gato e agradecemos pela lebre.
O nosso governo descobriu agora a
fiscalidade verde. Com um punhado de areia de ecologia, responsabilidade
ambiental e coisa e tal, vai atirar-nos para os olhos mais uma taxa sobre sacos
de plástico e mais não sei quantas coisas. São mentirosos e alarves. Não é
fiscalidade verde. É só mais uma forma de roubo fiscal.
Mas isto de enrolar em bonito
verbo os mais perversos objectivos, tornou-se uma forma de estar universal. O
marketing há muito que substituiu a ética.
Empresas como o Facebook ou a
Apple estão a incluír, nos seus seguros de saúde, a possibilidade de as
mulheres (suas funcionárias) congelarem os óvulos, para que não tenham de
interromper a carreira para essa actividade cavernícola de procriar.
Objectivamente, é uma política com uma mensagem clara: se queres ter uma
carreira de sucesso, não caias na asneira de engravidar AGORA! Mas este absurdo
vem embrulhado numa cantilena de estímulo à liberdade individual, de poder
adiar a maternidade sem ficar escravas de nada – nem sequer da biologia. É tudo
tão bem aldrabado que até as feministas agradecem tanta sensibilidade.
E assim andamos. Pensamento e
linguagem. Ovo e galinha. Qual apareceu primeiro? Não sabemos bem. Mas as palavras
fazem embrulhos mais vistosos.
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